Notes to broadcasters
Notas ao emissor
Os resíduos de culturas são os restos que ficam depois da planta ou cultura ter sido utilizada – para alimentar a família, como forragem, para venda, etc. No oeste do Quénia, os agricultores habitualmente espalham o que resta das suas culturas nos limites das suas quintas. Alguns resíduos servem para fabricar adubo ou para forrar o chão de um armazém de gado, para depois ser misturado com os excrementos para produzir fertilização para as culturas.
No oeste do Quénia, os agricultores sabem há já tempo que queimar os restos é um mau hábito. No entanto, os resíduos de cultura de favas são muitas vezes queimados. A sua cinza é muitas vezes utilizada para cozer legumes como o feijão frade para o tornar mais tenro. Os agricultores habitualmente queimam estes resíduos em casa. Fora as favas, apenas alguns agricultores queimam os restos das suas culturas, a não ser que sejam demasiados para permitir uma decomposição rápida. A prática da queima tem os seus efeitos positivos, o que temos a apontar é que esses efeitos são positivos apenas a curto prazo, como vão poder perceber com este texto.
No texto presente, uma pequena agricultora e uma especialista agrícola vão expor pontos de vista diferentes para perceber se a queima de resíduos e ervas é boa ideia. A agricultura defende que a queima facilita o trabalho de quinta. Queimar facilita o controle das ervas daninhas e parasita e melhora os rendimentos na estação seguinte. Por outro lado, a queima destrói o solo a longo termo, provocando erosão acrescida do solo, mata também os organismos benéficos para o solo, e no final os rendimentos descem.
É um assunto complicado. Alguns investigadores afirmam que, em meios húmidos como o oeste do Quénia, não prejudica tanto queimar os resíduos como em meios secos. Nestes últimos, a queima pode reduzir muito rápido a fertilidade dos solos.
Para alguns agricultores, pode ser mais fácil e barato queimar os restos e ervas, mesmo que não seja a melhor estratégia a longo prazo. Os agricultores podem não ter a mão de obra ou os recursos necessários para cultivar culturas abrigo ou para enterrar os resíduos nos seus campos, ou ainda adoptar outras práticas melhores que a queima a longo prazo. Não têm apoio suficiente para cortar os arbustos e retirar as ervas daninhas à mão. Então fazem uma queima e têm ganhos imediatos.
No entanto, os emissores deviam ajudar os agricultores a compreender que as culturas abrigo, o enterro de resíduos e outras práticas da regeneração dos solos – incluindo práticas que envolvam resíduos agro-florestais, sugeridos pela especialista neste texto – são um melhor investimento a longo prazo. É importante notar que nem todas as práticas são eficazes em todos os climas. Por exemplo, os agricultores de regiões muito secas podem não ter material de cobertura suficiente ou resíduos para aplicar certas práticas. Ou esses resíduos podem ser mais úteis para alimentar gado.
Este texto está assente em entrevistas reais. Pode usá-lo como inspiração para pesquisa e escrever um texto sobre um assunto próximo na sua região. Ou pode escolher produzir este texto na sua estação utilizando vozes de atores para representar os vários papéis. Se for o caso, assegure-se que avisa o seu público no início da emissão que as vozes são de atores e não das pessoas inicialmente implicadas nas entrevistas.
Script
Personagens:
Animadora Joséphine Atieno
Investigadora agrícola : Lena Oringa
Pensem numa prática agrícola que as pessoas vêm de forma negativa. Como agricultores e agricultoras podem tomar o risco de a testar sobre uma pequena parte do vosso terreno. Não é má ideia tentar. Mas falem primeiro com outros agricultores ou especialista. Encontrem as razões pelas quais dizem que a prática pode ser negativa ou positiva.
As convidadas de hoje são Joséphine Atieno, agricultora, e a investigadora agrícola Lena Oringa. É disto que vão falar hoje na vossa estação favorita, fiquem à escuta… Aqui a vossa animadora (Nome da Animadora)
Pausa musical
Nesta região, os nossos solos são inférteis por causa dos estragos provocados pelas atividades humanas. Tentei várias técnicas para melhorar os solos cansados para conseguir bons rendimentos das minhas colheitas. Plantei árvores para limitar a erosão e melhorei os pousios em vez de deixar a terra em pousio natural. A queima dos resíduos de cultura é algo que aprendi simplesmente experimentando e vendo o que acontecia. É uma velha tradição. Quando os agentes de divulgação agrícola me visitavam, desaconselhavam-me essa prática. E portanto achava que não era o melhor a fazer. Mas acredito sempre na frase: “A necessidade é mãe da invenção”. Quem precisa irá sempre conseguir encontrar solução, ainda que por tentativa e erro.
Penso que com esta prática, os que utilizam fertilizantes podem diminuir a sua quantidade. Eu arrisquei. Mas por tentativa e erro, consegui tirar benefícios do que dizem ser uma má prática agrícola. Acho que os agricultores devem adoptar este método para ver resultados positivos. Tentar é a melhor maneira de testar e constatar a verdade.
Pausa musical
Os nutrientes que a queima liberta são muitas vezes levados e lavados pela chuva ou pelo vento. A produtividade do solo diminui depois da queima porque os nutrientes estão gastos. Por isso, antigos agricultores tiveram de deixar as suas terras durante cinco a 25 anos e às vezes até 40 anos para voltar a conseguir trabalhar a terra de novos. Isso hoje é impossível por causa do crescimento demográfico, o que não dá à terra o tempo que precisa para regenerar.
Portanto, durante algum tempo, essa prática foi desaconselhada. Eu sei há vantagens. Quando queimamos os resíduos, matamos os parasitas. Alguns parasitas contribuem para doentes, se bem há uma dupla vantagem, e as ervas daninhas também são morta mortas.
Os agricultores podem também plantar 100 a 150 árvores de Faidherbia albina por hectare. Isto vai trazer nutrientes equivalentes a 300kilos de azotos por hectare, e ainda fósforo e magnésio. Plantar Faidherbia com essa densidade pode portanto duplicar ou até triplicar os rendimentos.
Pausa musical
Ouvimos também as cinzas podem ter efeitos positivos a curto prazo mas negativo a longo. Mesmo que a cinza seja um produto natural com uma contribuição positiva, temos de ter cuidado quando a utilizamos. É como o veneno das serpentes. É natural, mas será boa ideia para matar os insectos na nossa quinta?
Caros ouvintes, estamos convencidos que, independentemente do vosso local de residência, pode ter percebi que nem sempre é fácil dizer se uma prática agrícola é positiva ou negativa. As opiniões divergem. E se certas práticas podem ter vantagens a curto prazo, podem também ter efeitos secundários negativos a longo prazo. Nesse caso, peço-vos que sigam os conselhos que ouvimos da nossa investigadora, se querem obter bons resultados como agricultores.
Obrigada por nos ouviram. Aqui a vossa Animadora (nome). Adeus, e até à nossa próxima emissão sobre a saúde dos solos.
Acknowledgements
Agradecimentos
Redação : Redatora Rachel Awuor, Centro de recurso comunitários de Ugunja, Quénia, parceiro da Radios Rurales Internationales.
Revisão : Peter Gaichie Kimani, especialista-conselheiro no Centro Mundial de Agrossilvicultura (CIRAF), Nairobi, Quénia.
Tradução : Jean-Luc Malherbe, Sociedade Ardenn, Ottawa, Canada.
Agradecimentos especiais à The McLean Foundation pelo seu apoio no texto sobre a saúde dos solos.
Programa realizado com o apoio financeiro do governo do Canadá e da Agência Canadiana de Desenvolvimento Internacional (ACDI)
Translated with funding from USAID.
USAID Washington Development objective: to support the New Alliance ICT Extension Challenge Fund through the implementation of affordable, scalable, and diverse ICT extension services.
AID-OAA-A-16-00003
Information sources
Fontes
Entrevista a Luke Musewe, agente de divulgação no Ugunja, 20 abril 2010 Entrevista a Joséphine Atieno, agricultora, 26 março 2010