História de sucesso de Agatha Ngoma, pequena agricultora em Zâmbia: A agricultura de conservação para melhores resultados

Notes to broadcasters

Anotações para a emissora

Ao longo dos últimos anos, as ameaças colocadas pelas alterações climáticas, a deterioração do ambiente, e a insegurança alimentar em África tornaram-se óbvias aos olhos de todos. Mas as famílias rurais precisam de soluções práticas aos desafios que são os maus solos, as más chuvas e os maus rendimentos.

A agricultura de conservação permite aos pequenos agricultores obter melhores meios de subsistência face a estes desafios. Ela consiste num conjunto de métodos simples que tornam possível reduzir a perturbação do solo durante a preparação da terra, evitar queimas dos resíduos agrícolas depois da colheita, uma rotação do cultivo e o recurso, na medida do possível, a fontes orgânicas como adubo e estrume para conseguir nutrientes para a colheita que substituem os fertilizantes químicos.

Na Zâmbia, vários pequenos agricultores usam ainda métodos tradicionais para trabalhar os seus campos. Eles cultivam um campo e formam depois morros e camalhões nos quais plantam as suas plantações. No entanto, por causa da seca, a performance destas colheitas é sempre fraca, e os rendimentos muitas vezes maus. As muitas famílias falta comida entre Novembro e Fevereiro ou Março do ano seguinte quando podem colher as novas colheitas.

A agricultura de conservação fez uma grande diferença para os pequenos agricultores pobres em recurso mas viáveis. Agora, várias casas têm comida suficiente o ano inteiro e às vezes até mesmo excedentes que podem vender.

Esta emissão foi realizada em 2011 no Breeze FM em Chipata, no este da Zâmbia, mas foi retransmitida várias vezes a pedido de pequenos agricultores. Agatha Ngoma é um exemplo de uma maioria de mulheres rurais que sofrem por costumes culturais e parecem ser obrigadas a submeter-se à vontade dos seus maridos. O seu marido via-a como uma trabalhadora não remunerada e uma máquina de criar crianças. Por consequência, a sua família era numerosa e pobre. Muitas mulheres estão em situações parecidas em muitas regiões rurais da África subsariana.

No entanto, Agatha era ambiciosa. Participava em todos os programas de aperfeiçoamentos que via na sua região. No final, implicou-se na agricultura de conservação. Muito rápido a sua vida melhorou. Havia comida suficiente em casa e os seus filhos podiam ir para a escola sem o apoio do seu marido insensível. Na verdade, era ela que lhe começava a dar dinheiro para a sua garrafa diária de kachasu tóxica, uma bebida local ilegal. Isto contribui à sua morte em 2012. Apesar de a ter afectado, a morte do seu marido trouxe novas forças a Agatha, que adoptou a agricultura de conservação com vigor e paixão.

O texto presente fala de como a Agatha mudou a sua vida graças a agricultura de conservação. Poderão talvez inspirar-se nele para fazer pesquisa ou escrever um texto sobre a agricultura de conservação ou outra prática agrícola que possa ser útil na vossa região. Ou poderão escolher teatralizar este texto na vossa estação, usando vozes de atores para representar as várias pessoas. Se tal for o caso, devem indicar no início da emissão ao vosso público que as vozes são de atores, e não das pessoas entrevistadas inicialmente.

A emissão original e completa, com introdução e conclusão, efeitos sonoros e pausas durou trinta minutos. No entanto, o texto pode ser repartido em duas partes. Seria talvez mais adequado entrevistar o agente de divulgação na primeira parte da emissão. Se decidirem seguir esta indicação, não se esqueçam de avisar o vosso publico que ao longo da emissão vão falar com uma agricultora que consegui pôr em prática a técnica de agricultura de que acabam de falar.

Script

Personagens:

Animador/Apresentador
Vainess Zulu Agente de divulgação
Agatha Ngoma Pequena agricultora Kawamba Phiri Chefe da aldeia

Texte

Subida do fundo musical e depois descida
ANIMADOR:
Bom-dia, colegas agricultores. Chamo-me Filius Chalo Jere, o vosso dedicado animador da emissão A Agricultura é um empreendimento! Ao longo da emissão de hoje, vamos conhecer uma mulher excepcional que ultrapassou azares e conseguiu melhorar os meios de subsistência da sua família. Conseguiu isso passando de um método de agricultura tradicional, a algo que se pode chamar uma nova forma de cultivar para ela.

Como sempre, o objectivo desta emissão é mostrar-vos que a agricultura é mais do que cavar o chão sem propósito com uma enxada! Se seguirem os métodos certos, a agricultura pode ser suficiente para alimentar a vossa família e melhorar os vossos rendimentos!

Transição (pequeno instrumental rural, por ex. batimentos de tambor durante mais ou menos 30 segundos)

Tornou-se hábito para muitos agricultores obter rendimentos magros estação após estação. Muitos culpam as chuvas fracas e os maus solos. No entanto, hoje levo-vos a uma região rural na chefatura de Mshawa, a trinta quilómetros de Chipata, no este da Zâmbia. Vou vos apresentar Agatha Ngoma, uma agricultora excepcional que consegue óptimos resultados apesar da chuva fraca e dos maus solos. Ela adoptou um novo método chamado a agricultura de conservação. Ela começou por usar uma enxada chaka, mas usa agora um ripper (material de rachar com um ou dois dentes) puxado por touros.

Sei que alguns de vós não sabem o que é uma enxada chaka ou um ripper! Mas não se preocupem, porque no nosso caminho vamos parar também para falar com a agente de divulgação desta região. Foi ela que me falou da nossa agricultora, e vai nos explicar o que são estes utensílios.

Agora não há tempo a perder, que vamos muito longe. Portanto metam o capacete e vamos!

SFX:
Arranque de uma moto
ANIMADOR:
(voz sobreposta ao barulho da mota que diminui) a estrada está relativamente boa na maior parte do trajeto. Mas temos de ser prudentes, porque de vez em quando, encontramos uma boca-de-lobo que pode mesmo provocar um acidente. É o caso em várias estradas rurais na Zâmbia. É a estação para o comércio das principais colheitas e cruzamo-nos com várias carroças de bois ao longo do caminho que leva ao mercado. A maior parte delas transporta sacos de milho, enquanto outras transportam sacos de amendoim e soja. São as culturas mais populares entre os pequenos agricultores desta zona.
SFX:
Barulho de mota abrandando

Chegamos ao domicílio da agente de divulgação agrícola. Ela chama-se Vainess Zulu. É uma senhora charmosa nos seus 20 anos. Poderia facilmente ter escolhido fazer outro trabalho na cidade, mas diz que prefere viver e trabalhar com os habitantes do mundo rural e ajudá-los a melhorar a sua vida.

A sua casa de função é muito pequena e utiliza a energia solar em vez da eletricidade. Vainess utiliza uma latrina atrás da sua pequena casa e vai buscar a água necessária ao poço comum vizinho.

Hoje tem que ir visitar agricultores de mota. É o que faz a maior parte do tempo. No entanto, pedi que me esperasse para nos explicar o que é a enxada chaka, o ripper e a agricultura de conservação em geral.

SFX:
Barulho de mota a abrandar antes de parar com uns golpes de motor.
VAINESS:
Sim, gosto de contribuir ao melhoramento da vida destas pessoas. Muitos não sabem a sorte que têm de ter terras. Podem ter muito sucesso só trabalhando a terra.

Como já vos disse ao telefone, tenho um encontro marcado com um grupo de agricultores que estão prontos para vender as suas colheitas. Quero aconselhá-los a não vender tudo para poderem poupar o suficiente para aguentar até à próxima apanha.

ANIMADOR:
Precisa mesmo de lhes dizer de fazer isso?
VAINESS:
Infelizmente sim. Alguns agricultores pensam que o dinheiro é tudo. Vendem todas as suas colheitas e passam o resto do ano a lutar para alimentar as suas famílias. Não é bom para eles, também porque atrasam o seu trabalho no próprio campo.

De qualquer forma, bem-vindo. Ainda tenho alguns minutos antes da reunião. Que precisam de saber da minha parte?

ANIMADOR:
Obrigada por me ter esperado, não vou tomar muito do seu tempo. Queria aprender um pouco sobre a agricultura de conservação. Disse que era uma muito boa prática agrícola para os pequenos agricultores, porquê?
VAINESS:
Por várias razões. Ainda assim é particularmente boa para agricultores das regiões onde o solo é mais pobre e as chuvas muito fracas. Contribui a conservar e a melhorar o solo e a reter humi- dade.
ANIMADOR:
Como é que consegue ultrapassar os problemas postos pela pobreza do solo e a raridade da chuva?
VAINESS:
Talvez não acredite, mas este tipo de agricultura implica práticas simples que podemos quase chamar retrógradas. Visto que o solo é tão pobre, eu aconselho os meus agricultores a escavar bacias nos seus campos com uma enxada chaka. É uma enxada muito sólida concebida especialmente para escavar fundo até rasgar a camada mais dura do solo.
ANIMADOR:
Que camada é essa?
VAINESS:
A camada mais dura é a camada de solo compacto que se forma por baixo da camada cultivável ao longo dos anos quando os agricultores usam métodos que só deslocam a camada cultivável de uma maneira numa estação e de outra na estação seguinte. A camada de terra imediata- mente seguinte torna-se compacta e as raízes de varias cultura deixam de a conseguir atravessar, e por consequência, em caso de seca, morrem muito rápido.
ANIMADOR:
A função da enxada chaka consiste portanto a partir essa camada mais compactada de modo a que as raízes possam crescer mais profundas?
VAINESS:
Sim, mas não só. A enxada chaka é do tamanho ideal para uma bacia normal, ou seja 15 centímetros de largura para 20 a 25 centímetros de profundidade e 30 de comprimento.
ANIMADOR:
Isso significa que os agricultores devem medir cada bacia?
VAINESS:
Isso não seria prático. Eu digo aos meus agricultores para usarem os seus pés para medir a largura das suas bacias. A maior parte deles tem pés grandes de cerca de 25 a 30 centímetros. Quanto à largura, é a razão pela qual a enxada chaka mede 15 centímetros de largura. Para a profundidade, digo-lhes para medir com a mão até ao pulso com os dedos bem esticados.
ANIMADOR:
Parece-me que estamos a insistir muito nas medidas. Porquê?
VAINESS:
A agricultura de conservação é uma forma de agricultura muito precisa. Por isso mesmo torna-se possível calcular quantas sementes e quanto adubo ou estrume será necessário a cada agri- cultor, e quanto é que ele pode esperar recolher.

Por norma, os meus agricultores trabalham em parcelas de terra de 50 metros de largura. Chamamos a uma parcela de terra desse tamanho uma ‘lima’, que significa cultivar na linguagem local. Mais ou menos 70 bacias podem compor uma linha direita de bacias, intervaladas de 70 centímetros desde o centro de uma até ao centro da seguinte. As linhas devem estar separadas por 90 centímetros e aproxi- madamente 55 linhas cabem numa lima.

ANIMADOR:
Que trabalheira! Não deve ser fácil trabalhar uma área tão grande!
VAINESS:
Estou de acordo, mas as bacias só precisam de ser escavadas no primeiro ano. No entanto, incentivo sempre os meus agricultores a ter três ou quatro limas para poderem praticar uma agricultu- ra rotativa, é essencial e muito bom para as colheitas.
ANIMADOR:
Já tinha ouvido dizer que sim. Mas cultivar três ou quatro parcelas de terra só aumenta a carga de trabalho, não é?
VAINESS:
Talvez, no entanto, a agricultura de conservação favorece particularmente as agricultoras.
ANIMADOR:
Como assim?
VAINESS:
As mulheres gostam de trabalhar em grupo. Na nossa região, juntam-se para trabalhar num campo até este estar terminado, e depois passam ao próximo, até que tenham trabalhado todos campos dos membros do grupo.

Depois do primeiro ano, deixa de ser necessário destruir os restos do campo antigo. A agricultura de conservação desincentiva a queima dos restos e resíduos da colheita. No seu lugar, é preciso destruí-los e distribuí-los entre as filas de bacias. Assim, vão agir como uma manta para conservar a humidade e proteger o chão do calor do sol. Os resíduos das colheitas anteriores vão acabar por apo- drecer e tornar-se húmus. A plantação é sempre feita nas mesmas bacias, ano após ano. Com a camada mais dura quebrada, este trabalho torna-se normalmente fácil, mais uma mais valia para as mulheres. Quanto a agricultura em grandes superfícies, é a razão pela qual apresentei aos meus agricultores o ripper.

ANIMADOR:
O que é o ripper?
VAINESS:
O ripper é simplesmente uma pequena peça de metal sólido chamado um dente. Está fixa numa charrua normal, puxada por bois. É só necessária retirar as relhas e as aivecas para que só haja essa peça de metal.

Quando os bois puxam a charrua, o dente racha simplesmente uma linha direita no chão. Ao ajustar a charrua, podem verificar que a linha de rachadura é suficientemente profunda para partir a camada compacta. Como as linhas de bacias, estes sulcos também devem estar afastados de 90 centímetros entre eles. É aí que o agricultor vai aplicar o adubo ou estrume e plantar a semente, respeitando as medidas certas e o tempo certo.

ANIMADOR:
Quais são as medidas corretas e o tempo certo?
VAINESS:
As medidas para semear nas linhas de fendas são diferentes segundo as bacias e a cultura semeada. Para o milho, o agricultor deve semear uma semente todos os 20 centímetros, e deve fazê-lo logo a seguir às primeiras chuvas.
ANIMADOR:
Porque é que foi necessário introduzir o ripper aos seus agricultores?
VAINESS:
Na Zâmbia, são os pequenos agricultores produzem mais de 70% do nosso milho. É uma das bases da nossa alimentação, e muitos dependem dele para subsistir. Portanto, muitos pequenos agricultores querem produzir o suficiente para também o conseguirem vender, mas para isso têm de aumentar o tamanho dos seus campos. O ripper ajuda-os nisso. Ele permite recolher o suficiente para se alimentarem e um extra para vender. O senhor diz sempre que a ‘agricultura é um empreendimento’, pois bem, é um empreendimento!
ANIMADOR:
Tenho que vos agradecer pela sua boa vontade, minha senhora, acho este assunto fasci- nante. No entanto, sei que tem agricultores para encontrar e eu tenho de ir conhecer a senhora Agatha Ngoma.
VAINESS:
Será sempre bem-vindo se precisar de mais informações.

Passe por favor os meus melhores cumprimentos à Agatha. Ela vive apenas a uma dezena de quilómet- ros daqui, perto da consignação das colheitas

ANIMADOR:
Há uma consignação das colheitas ao longo desta estrada?
VAINESS:
Sim, mas deve virar daqui a uma centenas de metros. Verá um baobab e um caminho de terra batida à direita. É aí que deve virar. Depois vai ver imediatamente uma grande aldeia que atravessa o caminho de terra batida, a casa da Agatha é a primeira do lado esquerdo. Diga lhe da minha parte, para não vender já todos os seus produtos frescos.
ANIMADOR:
Assim farei, obrigado SFX: arranque de mota.
ANIMADOR:
Caros agricultores e agricultora, tenho vos a dizer que foi um regalo. Segundo a agente de divulgação, a agricultura de conservação é a resposta às nossas práticas agrícolas, sobretudo quando utilizam a enxada chaka e o ripper.
Vamos então conhecer a senhora Ngoma, para ver como funcionam estes utensílios.
SFX:
arranque de mota, com sons de pássaros em plano de fundo

Estou a atravessa uma paisagem muito bela. Há colinas ondulantes com vales verdes onde os agricul- tores cultivam os seus legumes. Mesmo assim, a maior parte das culturas fluviais já foram colhidas e os campos estão nus à espera de serem preparados para a próxima estação. –

SFX:
Barulho de mota abrandando

Ah, deve ser aqui que a Vainess nos indicou para virar à direita, porque há uma grande árvore estranha. É a única árvore nas redondezas, como se tivesse sido plantada aqui como referencia. Os turistas chamam-lhe a árvore elefante, e acreditem, é um nome justo!

É um panorama bastante imponente com um tronco muito espesso que precisava provavelmente que dez pessoas o abraçassem de braços esticados para conseguirem dar a volta. Mas o mais impres- sionante é que não tem folhas nenhumas! Em vez disso, tem apenas um ramo de galhos nus, que dão a impressão de que o viraram ao contrário, com as raízes para o ar. Mas há grandes frutos redondos pendurados nesses galhos, e as pombas, os melros e outros pássaros parecem apreciar o décor. O resto do terreno é plano, com arbustos e plantas secas.

SFX:
Barulhos de pombas e outros pássaros.

Deve ser aqui a aldeia da Agatha, a poucos metros da curva. É muito grande e muito limpa. As cabanas estão dispostas em duas filas paralelas de cada lado do caminho de terra batida. Há uma nsaka em frente a cada uma das cabanas ou casas. É um lugar especial que encontramos habitualmente em cada propriedade familiar da aldeia. É um sinal claro de hospitalidade e vontade de receber. Normalmente trata-se apenas de um tecto de palha sobre dois postes, com bancos ou bancadas de barro no seu interior.

Primeiramente, na fila esquerda de casas, consigo ver uma pequena casa de tijolos vermelhos com um bonito telhado coberto de folhas de chapa metálica onduladas e novas, e uma pequena varanda. Deve ser a casa da Agatha. Mas, segundo a tradição, devo me apresentar ao chefe da aldeia. A sua casa deve ser esta construção maior com telhado de colmo à minha direita.

Por razões óbvias, a nsaka do chefe é muito maior que as outras. Há um banco deitado de lado, e uma velha bicicleta encostada a um dos apoios do telhado da nsaka. Em frente, vejo um velho homem de cabelos brancos a tecer um tapete de juncos. Deve ser o chefe.

SFX:
Mota abranda com alguns golpes de motor.
ANIMADOR:
Hodi! (nota da redação: Hodi é a maneira tradicional para pedir para ser aceite na presença de alguém nas línguas Chewa e Nyanja.)
CHEFE:
Hodini! Bem-vindo, Baba. Chamo-me Kawamba Phiri. Sou chefe desta aldeia. (nota da redação: Hodini é a maneira tradicional de aceitar o pedido de presença de um visitante. Baba é um título tradicional respeitoso para os anciãos.) Posso ajudá-lo?
ANIMADOR:
Sim, Baba. Venho da parte da estação Breeze FM e quero encontrar a senhora Agatha Ngoma. Chamo-me…
CHEFE:
Não precisa de apresentações entre nós, agricultores. Reconheci-o assim que disse hodi. Tenho a dizer que é fantástico conhecer finalmente o proprietário da voz que nos aconselha pela rádio. No entanto, lamento informar que a senhora Ngoma se encontra na consignação perto da curva. Foi vender o seu milho. Se não se importar, peço lhe que se sente neste banco. Irei buscá-la por si.
ANIMADOR:
Não se incomode, Baba, se concordar, faço meia volta e irei eu mesmo procurá-la lá.
CHEFE:
Não é aceitável um estrangeiro falar com a mulher de alguém fora da sua aldeia. Vou buscá-la por si, não é problema nenhum, vou de bicicleta. Descanse e espere.
ANIMADOR:
Está bem, muito obrigado Baba.
SFX:
Som de passos, barulhos de bicicleta

Adorava poder passear na aldeia enquanto espero o chefe, mas estou convencido que deve ser contrario à tradição, portanto tenho de me contentar com observar a aldeia desde aqui!

SFX:
Barulho de galinhas e cabras

Há galinhas que passeiam por todo o lado, a raspar a terra à procura de comida. Têm sorte pois há grãos de milhos por toda a parte, sobretudo perto dos celeiros. Há cabras a balir também à entrada da aldeia, cada uma amarrada a um arbusto para que não se portem mal ou brutamente. Também consi- go ouvir porcos roncar desde as suas pocilgas. É óbvio que há comida suficiente para todos nesta aldeia!

SFX:
Sino de bicicleta e barulho de pedais.

Ah! Aqui vem o chefe! (pausa) Não, deve mesmo ser a Agatha.

AGATHA:
Hodi! Sou Agatha Ngoma. O chefe disse que me queria falar, quase recusei por ser a próxima na fila da pesagem. Mas ele disse que o senhor era a voz da emissão ‘A agricultura é um empreendi- mento!’ na Breeze FM, portanto levei-lhe a bicicleta emprestada para vir o mais rápido possível. Ele ficou em meu lugar, para se assegurar que os meus sacos avançam para estarem prontos para serem pesados. Quando for a minha vez, vai me chamar.
ANIMADOR:
Obrigado por ter vindo do mercado para me falar. Ouvi falar de si pela agente de divul- gação e vim ver se o que ouvi é real. Ela manda os seus melhores cumprimentos e pede que não venda todos os seus produtos frescos.
AGATHA:
(rindo, divertida) Reconheço aí bem a Vainess, sempre preocupada de nos ver com falta de comida. Ela diz isso por hábito porque sabe que não me posso dar ao luxo de o fazer. De qualquer forma, como vai ela?
ANIMADOR:
Bastante bem e em forma, devo dizer. Deixei-a quando estava de partida para encontrar outros agricultores. Pronto, como sei que não tem muito tempo livre, vou tentar ocupá-la o menos tempo possível.
AGATHA:
Obrigada, vamos então para minha casa para podermos falar à vontade.
SFX:
Barulho de passos, e barulho de galinhas, cabras, etc. da aldeia
ANIMADOR:
Tinha razão, a casa da Agatha é a casa que achei quando cheguei. Como as outras casas e cabanas, tem uma latrina sobre uma fossa na parte de trás. E com efeito, a Agatha dizia que a Vainess falava de comida apenas por hábito, porque já deve saber que a sua melhor agricultora já guardou as provisões necessárias nos seus celeiros. Há uma nsaka quase tão grande como a do chefe da aldeia, com um banco de barro para sentar.
AGATHA:
Tive de construir uma grande nsaka, recebo muitas visitas por causa do meu trabalho. Vamo-nos sentar, para me contar o que o traz cá.
ANIMADOR:
Obrigado. Primeiro, fale-me de si. A agente de divulgação já me contou umas coisas, mas preferia ouvir tudo da sua boca.
AGATHA:
Chamo-me Agatha Ngoma, e estamos na aldeia de Kawamba, na região do chefe Mshawa. Sou casada e tenho seis filhos, dos quais duas meninas. Quer saber mais alguma coisa sobre mim?
ANIMADOR:
Sim, onde está o seu marido, Sra Ngoma?
AGATHA:
(pequeno riso) Não precisa de se preocupar, o meu marido não é esse tipo de homem. Se chegasse e nos visse a falar, provavelmente iria apenas cumprimentá-lo e desaparecer para dentro de casa. Ele confia em mim, e sabe que a maior parte dos nossos visitantes estão cá para nosso próprio bem. Com a cerveja, e o resto, a maior parte dos nossos homens raramente estão em casa. Uma mulher tem portanto de ser fazer homem, senão os nossos filhos morreriam de fome – e o marido também.

Percebe o que eu estou a dizer, não é?

ANIMADOR:
Penso que sim, perdoe-me de ter abordado um assunto tão delicado. Eu estou interessado nas suas práticas agrícolas, nomeadamente a agricultura de conservação, o material que utiliza, como a enxada chaka e o ripper. Desde há quanto tempo pratica este tipo de agricultura?
AGATHA:
Pratico a agricultura de conservação há seis anos. É graças a este tipo de agricultura que me melhorei ao ponto de poder declarar com orgulho que sou a principal apoio da minha família em vez do meu marido. Ele esforça-se, procura trabalho em todo o lado para encontrar alguma coisa, mas volta sempre bêbedo e de mãos a abanar. Apesar disso, a agricultura de conservação permitiu-me construir esta linda casa para a minha família. Também consegui comprar vários bois, e posso enviar os meus filhos mais velhos para a escola.
SFX:
Barulho de bebé
ANIMADOR:
Tudo isso graças à agricultura de conservação?
AGATHA:
Sim!
ANIMADOR:
Qual é o segredo deste tipo de agricultura que lhe trouxe tanto sucesso?
AGATHA:
O segredo está no facto de, quando cultivam uma pequena superfície, recolherem muito. Por exemplo, se plantarem apenas meio hectare de amendoins, podem colher de lá 10 sacos ou mais.

Normalmente, para conseguirem a mesma quantidade usando os métodos tradicionais, precisariam de pelo menos um hectare.

Quando comecei a usar este género de agricultura, plantei um hectare de milho e colhi 120 sacos de 50 quilos cada. Nunca tinha colhido tanto milho antes. Isso permitiu-me constatar que a agricultura de conservação é um método muito eficaz. (nota da relação: os rendimentos da Agatha melhoraram imediatamente, ao longo a mesma estação, mas pode demorar mais devido ao clima, ao solo, e outros factores, para conseguir os mesmos rendimentos noutros sítios, são necessários por vezes até quatro anos)

ANIMADOR:
O que é que faz esses rendimentos serem tão elevados?
AGATHA:
É simples, com a agricultura de conservação, faço apenas o necessário e no momento certo. Primeiro, não preciso de escavar cada centímetro de terra, como tinha hábito de fazer, apenas a parte que vou usar. Portanto, já não limpo o meu campo das ervas, ou dos resíduos da colheita anterior, como costumava fazer. Também preparo os meus campos mais cedo, rachando e aplicando adubo ou estrume adiantadamente. Dado que faço tudo mais cedo, geralmente também sou capaz de semear as minhas sementes mais cedo (nota da redação: as sementeiras precoces são cruciais para poder bene- ficiar da humidade do solo, e minimizar a perda dos nutrientes do solo durante as primeiras chuvas.)
ANIMADOR:
Quão cedo estamos a falar?
AGATHA:
Pouco depois da primeira boa chuvada, para o final de Novembro. Nessa altura, o meu milho, os meus amendoins e os meus girassóis já estão plantados – por consequência, recebem chuva sufici- ente e estão fortes e capazes de resistir à primeira seca. É aí que está o segredo dos rendimentos aumentados. É tão eficaz que já não me vejo a fazer as coisas de outra forma.
ANIMADOR:
Como fazia antes de adoptar a agricultura de conservação?
AGATHA:
Era uma escravidão. Tinha de limpar os campos durante os meses quentes de Setembro e Outubro. Depois disso, tinha que fazer queimas para me livrar dos resíduos e fazer camalhões para plantar as minhas sementes. Na nossa língua, o Chewa, chamamos-lhes galauza. (nota da redação: Chewa é a língua local mais falada no este da Zâmbia, no Malawi, e algumas regiões de Moçambique

Um sofrimento, tenho-vos a dizer!

No entanto, em 2001, a Vainess veio apresentar um projeto chamado Programa contra a malnutrição. Ela queria encontrar gente pronta a adoptar a agricultura de conservação. Para nos aliciar, oferecia sementes gratuitas.

Depois de anos a sofrer com a galauza, eu estava pronta a experimentar tudo, mas muita gente recu- sou porque implicava muito trabalho de início. A Vainess trouxe-nos uma enxada estranha com uma manga muito longa e chamou-lhe uma enxada chaka. Mostrou-nos como escavar as bacias de plan- tação com ela. A nova enxada era mais pesada que estávamos habituados, e por isso muita gente não a conseguiu usar e continuou com a galauza.

No entanto, eu não desisti porque prefiro sempre aprender a melhorar as minhas práticas. Nesse primeiro ano, as chuvas foram particularmente más, e muitas culturas secaram. Muitas pessoas tiveram rendimentos muito fracos, mas as minhas colheitas foram prósperas e as minhas colheitas foram incríveis. A Vainess ficou muito contente, e disse que o facto de as chuvas serem fracas até a ajudava no seu projeto.

ANIMADOR:
Como é que ela ficou contente pelas pessoas terem uma má colheita? Isso significa fome e penúria alimentar!
AGATHA:
Sim, e a Vainess queria que se combatesse a fome e a penúria alimentar, e achou que era a melhor maneira de mostrar que a agricultura de conservação funcionava bem, mesmo com pouca chuva
ANIMADOR:
Mas como é que consegue funcionar tão bem com pouca chuva?
AGATHA:
As bacias de plantação escavadas com a enxada chaka foram a solução. Depois de as escavar, enchi-as com bom adubo e estrume animal e até meio com terra. (nota da redação: se os agricultores usarem estrume de má qualidade, como é hábito em muitas regiões de África, então os rendimentos serão inferiores). Pouco depois das primeiras chuvadas, semeei as minhas sementes e enchi o resto das bacias. Estas apanharam muita água, portanto as minhas plantas conseguiram crescer bastante rápido. Ainda por cima, os jovens rebentos ficavam bem alimentos, porque todo o estrume não era lavado pela chuva como acontecia nos camalhões da galauza. As suas raízes conseguiam ir mais profunda- mente à procura da terra húmida em caso de seca. Mas os meus vizinhos, que ainda praticavam a galauza estavam em apuros, os camalhões secaram assim que a seca chegou. As suas culturas secaram assim que não conseguiram furar a camada compacta com as suas raízes.
ANIMADOR:
Mas as suas culturas sim! Parece-me um sucesso!
AGATHA:
Sim, houve até quem dissesse que eu recorri a bruxaria! E no entanto, a única magia que eu usei foi a agricultura de conservação. Decidi portanto ensinar as suas vantagens a toda a gente que me quisesse ouvir. Para isso, fui às regiões vizinhas de Katamanda, Mapala, Mafuta e Vizenge. Também convidei toda a gente interessada a ver o que estava a fazer.
ANIMADOR:
Mas esse não é o seu trabalho, é o da agente de divulgação.
AGATHA:
Tem razão, mas as pessoas ouvem mais rápido quando vem da boca de uma colega. Não tinham dado ouvidos a Vainess, e portanto tinham passado fome. Eu também conhecia a fome, mas desapareceu quando ouvi os concelhos que me deram. Achei que era meu dever convencer as pessoas a usar a agricultura de conservação. Não conseguia suportar ver gente a morrer de fome – sobretudo crianças!
ANIMADOR:
Oh, que comovente. Foi bem-sucedida?
AGATHA:
Não foi fácil mudar os velhos hábitos das pessoas, no entanto os que me ouviram e adoptaram este novo método progrediram tanto como eu.

São normalmente as minhas colegas mulheres que eu chamo à razão para adoptar a agricultura de conservação. Por norma, são oprimidas pelos seus maridos, e outras são viúvas e tão pobre que nem se podem dar ao luxo de comprar adubo.

ANIMADOR:
A Vainess disse-me que está agora envolvida num outro projeto sobre a agricultura de conservação promovido pelo programa Research Into Use.
AGATHA:
Sim, estou
ANIMADOR:
Qual é o seu envolvimento ao certo?
AGATHA:
Esse programa é na realidade um melhoramento da enxada chaka em direção ao ripper, ou seja, uma espécie de charrua que abre um sulco fino e profundo para a plantação de sementes. Implica a utilização de bois e a aumentação da superfície do meu terreno. É bom, porque o programa Research Into Use quer nos ajudar a progredir, nós os pequeno agricultores, e passar da fome e da penúria alimentar à segurança alimentar e à prosperidade. Este projeto formou-nos em várias práticas da agricultura de conservação adaptadas à utilização do ripper com bois.
ANIMADOR:
Fale-me mais sobre este programa
AGATHA:
O projeto dá a agricultores escolhidos um boi e um ripper para os ajudar a aumentar os seus campos. Mas, para poderem beneficiar do programa, têm que seguir todas as regras da agricultura de conservação, ou seja não queimar os restos e resíduos das colheitas antigas, escavar cedo as bacias de plantação, a plantação precoce, rotação das culturas etc.

Se já têm um boi, é vos dado um segundo para que tenho um par completo para transportar um ripper. Se ainda não o têm, têm que comprar um para que o projeto vos possa dar o segundo. Têm também de aumentar a vossa superfície dedicada à agricultura de conservação, e assim que acabarem o vosso campo, têm que estar dispostos a ajudar outros agricultores que também se querem dedicar à agricultura de conservação.

ANIMADOR:
Disse que muita gente se opôs porque a enxada chaka era muito pesada e mais difícil de manejar que a enxada normal. Como é que reagiram ao ripper?
AGATHA:
Muito bem, na verdade. Sabe, as pessoas consideram os bois como um atributo, portanto muitos mostraram interesse. Mas nem toda a gente podia beneficiar do programa, pois este também tinha recursos limitados. Isto foi então transformado num fundo renovável; as primeiras pessoas a usufruir dele têm de o pagar por prestações, prestações estas que vão ajudar a comprar mais bois para outras pessoas no futuro. Em contrapartida, o ripper é gratuito.
ANIMADOR:
Mas o conceito da tração por bois na agricultura deve ser novo para algumas pessoas, como é que o projeto garantiu o seu sucesso?
AGATHA:
Graças à formação! Cada novo participante começa por seguir uma formação sobre como gerir os bois: como os alimentar, como saber se estão de boa saúde e como os treinar.

É uma formação tão completa que até eu consegui! Primeiro ensinamos o boi a ficar quieto debaixo da corrente e do engate, depois levamo-lo a passear nos campos para ele se familiarizar. A seguir, trein- amo-lo a puxar um bloco, e uma charrua. E por fim, o ripper.

ANIMADOR:
Como é que os agricultores que a rodeiam beneficiaram depois de a senhora ter recebido o boi e o ripper?
AGATHA:
Beneficiaram muito. Mais de trinta pessoas já me abordaram para rachar os seus campos esta estação Por isso mesmo, já tratei do meu – para ter tempo o suficiente para os ajudar a eles.
ANIMADOR:
Mas ajudar os outros deve-lhe levar imenso tempo e esforço, faz isso gratuitamente?
AGATHA:
Não exatamente. Cobro-lhes um montante muito pequeno pelos meus serviços. Dependen- do da superfície do campo, costumo pedir uma galinha, ou alguns amendoins ou milho se não tiverem dinheiro. O meu objectivo não deixa de ser encoraja-los a usar a agricultura de conservação.
SFX:
Barulhos de bebé que passa
ANIMADOR:
Estou muito impressionado! Que diria a outras mulheres que poderiam considerar o que faz trabalho para homem?
AGATHA:
Dir-lhes-ia que estão a perder o ser tempo a pensar dessa forma. Na agricultura de conser- vação, não há homem ou mulher. Na verdade, se tivesse de escolher, diria que até é mais apropriada para mulheres, porque aligeira o trabalho agrícola. E as vantagens são incríveis!

Sabe, muitas mulheres nas regiões rurais lutam contra desafios enormes no que trata encontrar dinheiro para produtos caros como o fertilizante, mas a agricultura de conservação incentiva práticas que conservam a fertilidade do solo, e valoriza a utilização do estrume ou adubo, e a plantação de plantas como musangu ou o gliricidia sepium que melhoram a fertilidade do solo.

OFF MIC:
(voz do chefe, chamando) Sra. Ngoma, Sra. Ngoma, despache-se! É a próxima!
AGATHA:
Oh, desculpe! Tem que me desculpar, tenho de voltar vigiar os meus sacos na consignação. No entanto, gostei muito de falar consigo, até porque sei que vai divulgar tudo na radio e muito mais pessoas poderão descobrir a agricultura de divulgação!
ANIMADOR:
Claro, assim farei. Adeus, e obrigado!
SFX:
Passos apressados, bebé a chorar
ANIMADOR:
Pois bem, o que acrescentar? Uma mulher que assume o papel de apoio alimentar da família, conduz bois, racha solo duro e ajuda os outros a lutar contra a fome e a penúria alimentar graças a agricultura de conservação.

Bem, tenho de ir e experimentar já!

Mas, claro, estarei de volta para a semana, no mesmo dia, mesma hora! Então voltem para conhecer a minha experiencia com os bois e o ripper!

Subida de fundo musical, mantido durante cinco segundos e descida

Acknowledgements

Agradecimentos

Redação : Filius Jere, realizador, emissões de rádio agrícolas, Breeze FM, Chipata, Zâmbia.

Revisão : John Fitzsimons, professor associado, Planificação e Desenvolvimento Rurais, Universidade de Guelph, Canada.

Projeto realizado com o apoio financeiro do governo do Canada, concedido pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, do Comercio e do Desenvolvimento (MAECD)

Translated with funding from USAID.
USAID Washington Development objective: to support the New Alliance ICT Extension Challenge Fund through the implementation of affordable, scalable, and diverse ICT extension services.
AID-OAA-A-16-00003

Information sources

Fontes

  • Agatha Ngoma, pequena agricultora, aldeia de Kasakula, chefe Chanje, Chipata, este da Zâmbia
  • Vainess Zulu, agente de divulgação agrícola, chefes Chanje, Mkanda e Mshawa
  • Mary Mumba, diretora geral, Chipangali Women’s Development Association, Chipata, Zâmbia, 27 Maio 2013
  • Gillies (Panos Southern Africa), Research Into Use – Programa Z, a/s Pelum, Lusaka, Zâmbia, 3 Abril 2010
  • Musonda/Banda, Secção da agricultura de conservação, Sindicato nacional dos agricul- tores da Zâmbia, Chipata, Zâmbia, 19 Março 2012
  • Peter Langmead, Conservação Farming and Conservação Agriculture Handbook for Hoe Farmers, Edição 2007.
  • Site Web da Secção da agricultura de conservação do Sindicato nacional dos agricultores da Zâmbia : conservationagriculture.org. e-mail : cfu@zamnet.zm